O Secretário da Segurança do Ceará, André Costa, afirmou nesta terça-feira (8) que os presídios do Ceará terão celas sem tomadas, uma forma de evitar o uso de carregadores e celulares por presos. O Ceará vive o sétimo dia de uma onda de violência com mais de 161 ataques, ordenados por chefes de facções de dentro de presídios. Em entrevista à Globo News, André Costa disse ainda que não vai “recuar um milímetro” do combate ao crime organizado.
“Alguns presídios, desde o ano passado, já têm sido entregues sem tomadas nas celas, todos os projetos novos não têm tomada em cela, inclusive alguns presídios reformados foram reformados e retirados essas tomadas”, afirmou o secretário.
A onda de ataques coordenada por chefes de facções criminosas teve início depois que o secretário da Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, prometeu uma fiscalização mais rigorosa nas prisões e o fim da divisão de detentos segundo a facção criminosa à qual pertencem.
Até recentemente, o Ceará não tinha uma pasta específica dedicada aos presídios – antes, eles estavam sob responsabilidade da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), hoje extinta. A Secretaria da Administração Penitenciária foi anunciada apenas em 1º de janeiro deste ano, quando tomou posse o governador reeleito, Camilo Santana. Ao criar o órgão, o governador declarou a intenção de dar mais atenção à segurança, área que ele considera um dos desafios do novo mandato.
André Costa afirmou que as medidas prometidas por Mauro Albuquerque serão mantidas e que a onda de violência é uma represália das facções à “forma como o governo está agindo”.
“A quantidade de ataques é proporcional à forma como o governo está agindo, incomodando o crime organizado. A gente realmente está agindo. Não vamos recuar um milímetro sequer nessas ações que o estado tem implementado. A gente já viu um recuo desses crimes.”
Ataques, prisões e prejuízo da população
Desde quarta-feira (2), o Ceará registra 161 ações criminosas, com ataques incendiários a ônibus, prédios públicos e comércio. As forças de segurança prenderam 185 suspeitos, de acordo com André Costa. Um dos presos vendia combustível para criminosos cometerem os ataques e outro imprimia “salve” e “toque de recolher” para criminosos, com ordens para o fechamento do comércio.
Nesta segunda (7), parte das lojas na periferia de Fortaleza e Região Metropolitana foi fechada. Três homens foram presos por ameaçar comerciantes, caso eles abrissem as lojas.
A frota de ônibus também foi suspensa em alguns momentos na Grande Fortaleza desde quarta-feira. Vinte e dois veículos do transporte públicos forma incendiados nos ataques. Nesta terça, os veículos circulam com a frota integral, mas com mudança na rota para evitar locais onde os crimes são mais frequentes.
Motivação dos ataques
De acordo com o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, provocou a onda de ataques. Costa disse que “a criminalidade já conhecia o trabalho” do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.
A sequência de ações criminosas ocorreu após uma fala de Mauro Albuquerque, que prometeu fiscalizar com mais rigor a entrada de celulares nos presídios. Desde o início da onda de crimes, agentes penitenciários apreenderam 407 aparelhos em presídios.
Após os ataques, um dos chefes de uma facção criminosa foi transferido para um presídio federal. Dezenove detentos também devem ser levados para outras unidades prisionais nos próximos dias.
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um “pacto de união”, com o objetivo de “concentrar as forças contra o Estado”. Em pichações em prédios públicos de Fortaleza, criminosos escreveram que “não vão parar até o secretário sair”. “Fora Mauro Albuquerque”, diz a mensagem.
Matéria do G1
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