quarta-feira, 23 de março de 2016

Comunidades participam de lançamento do Pernambuco Quilombola

fotos: Edméa Ubirajara
As raízes quilombolas estiveram em evidência nesta segunda-feira (21) durante o lançamento no Plano Pernambuco Quilombola (PPQ), realizado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude. No auditório Tabocas, do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, mais de 40 comunidades chamaram a atenção através de apresentações artísticas e cobranças de melhorias para a vida nos quilombos. Dois representantes das comunidades afrodescendentes de Agrestina e o representante do prefeito Thiago Nunes, o secretário de Cultura, Turismo e Juventude, Josenildo Santos, estiveram entre os convidados e já começaram a articular novidades para a Vila Pé de Serra dos Mendes e Furnas. O evento foi realizado em comemoração ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Este é o primeiro Plano do Brasil, a nível estadual, a discutir questões quilombolas e também hoje foi anunciada a construção da primeira Cozinha Quilombola do Brasil, que será instalada em Bom Conselho, no Agreste.
fotos: Edméa Ubirajara
Os eixos do PPQ foram divididos em quatro grupos: regularização fundiária; infraestrutura e qualidade de vida; inclusão produtiva e desenvolvimento local; e educação. Através de faixas e cartazes, os quilombolas cobravam também questões específicas como a construção da PE-460 e a necessidade de mais atenção ao reconhecimento das comunidades quilombolas e à situação de vulnerabilidade que a maioria delas se encontra. Na mesma ocasião, foi lançado ainda o Projeto Empreendedorismo Quilombola, a adesão ao Sistema Nacional de Política de Igualdade Racial (Sinapir) e a assinatura do Decreto que institui o Fórum de Gestores da Política Pública Quilombola. “Esse plano envolve o conjunto de mais de 10 Secretarias do Estado, muitos debates e discussões. Somos, sim, um país e um Estado preconceituosos e precisamos pôr fim nisso. Essa inquietação precisa ser mantida não somente neste recinto, com quase 500 quilombolas, mas é preciso sair daqui. Estamos obrigando qualquer governante, a partir de agora, a ter que trabalhar a política quilombola em todo o estado de Pernambuco”, detalhou Isaltino Nascimento, secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude.
fotos: Edméa Ubirajara
A iniciativa foi elogiada pelos presentes, que cobraram a efetivação do Plano. “Apelo pessoalmente aos prefeitos para que recebam cada um de vocês para ajudar a corrigir tanta injustiça acumulada ao longo da história e resgatar a dignidade de todo um povo”, disse José Patriota, presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). Ronaldo Barros, secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, lembrou que “se os quilombolas existem até hoje é por conta da sua luta”. “Esse documento é ímpar para que possamos unificar os reforços dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Quando o Estado faz uma adesão voluntária, como está acontecendo aqui, ele tem um crédito a mais por conta disso. É um marco”, enfatizou Ronaldo. O secretário adiantou que haverá ações específicas voltadas para o território pernambucano e adiantou a disponibilização de um sistema exclusivo e premiado que possibilitará um monitoramento eficaz de todas as ações.
fotos: Edméa Ubirajara
Em Agrestina, os moradores da comunidade de Furnas são beneficiados com 125 litros de leite, distribuídos gratuitamente todos os dias através do Programa Leite para Todos, do Governo Federal, e também com o recebimento de cestas básicas. Já na Vila Pé de Serra dos Mendes, o beneficiamento das castanhas de caju, que é umas das principais fontes de renda do local há séculos, não está na sua capacidade máxima. Diante disso, os habitantes poderão contar em breve com projetos que retomarão essa identidade. Após a participação no evento, os presidentes das associações, Joana Laura da Silva Aquino (Furnas) e Engothl Jorge da Silva (Vila Pé de Serra dos Mendes), confirmaram também que serão realizadas ações de valorização das danças típicas como o Maculelê e a mazurca entre os quilombolas, além de fortalecer mais as atividades desempenhadas pelo professor de Capoeira. As ações na terra do chocalho devem começar nos próximos dois meses.

Texto e fotos: Edméa Ubirajara

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