A visibilidade nacional que Eduardo Campos obteve antes de se tornar candidato a presidente da República se deu em parte por sua passagem pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também por ter “herdado” a presidência nacional do PSB do avô Miguel Arraes. Com a legenda em mãos, o pernambucano soube capitalizar ganhos pessoais e partidários. “Foi com Eduardo que o PSB passou a ter mais expressão no cenário nacional, uma bancada de deputados maior, a ter governadores. Na época de Arraes, o partido tinha Pernambuco e o governo do Amapá, ou seja, nada no cenário nacional. Eduardo procurou construir um partido mais forte”, fala o cientista político Vanunccio Pimentel.
Com Arraes e Eduardo, Pernambuco foi hegemônico no PSB. Esse espaço agora está ameaçado em que pese o comando partidário ser do pernambucano Carlos Siqueira, cuja trajetória político-partidária se desenvolveu no Distrito Federal. Ninguém admite abertamente que a ala local esteja enfraquecida ou isolada e o discurso público é de que, mesmo sem Eduardo, os pernambucanos continuam com prestígio e poder. A lista de pernambucanos na Executiva nacional do PSB, além de Carlos Siqueira, é composta pelo governador Paulo Câmara (vice-presidente nacional do partido), pelo senador Fernando Bezerra Coelho, pelo ex-governador João Lyra e pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio.
Em nome de Pernambuco, ainda há a contribuição de Renata Campos, viúva de Eduardo. Em abril deste ano, ela foi uma das protagonistas do programa nacional do partido em cadeia de rádio e TV e reforçou as propostas eleitorais que o marido defendeu na curta temporada como candidato à presidência da República. “Ela é uma voz sempre a ser ouvida”, fala Carlos Siqueira.
Além das incertezas sobre o peso político dos pernambucanos no PSB, há dúvidas também sobre o próprio partido como um todo. “Há um vazio no comando do PSB. Há pessoas com potencialidades, mas não há uma referência que lidere como Eduardo liderou. A expectativa é que surja uma liderança nacional com as eleições municipais de 2016”, diz o cientistas político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Do Jornal do Commercio
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